Como Star Wars Matou o Cinema dos 70?

Texto: Gabriel Lima
Fontes: IMDB

Passado o explendor das décadas de 50 e 60, o cinema americano (ou Hollywoodiano), embarcou em uma jornada mais experimental. Os filmes, com tons mais realísticos e sombrios, analisavam as diversas facetas da humanidade. Vários clássicos do cinema, foram lançados na década de 70, como; O Poderoso Chefão, Taxi Driver, Um Estranho no Ninho, Laranja Mecânica, entre outros. No entanto, esse cinema mais humano e filosofico, sofreria com o lançamento do filme Star Wars: Uma Nova Esperança, que praticamente fundou as bases do cinema "Blockbuster" e expandiu os lucros do filme para diversos outros produtos, como; lancheiras, camisetas, bolsas, sapatos, brinquedos, videogames, cadernos, livros, adesivos, fantasias e tudo mais que você possa imaginar.

Efeitos especiais X Enredo

Mestre Yoda, à esquerda nos filmes antigos, e a direita na trilogia mais recente


Á partir do lançamento de Star Wars, os estúdios de cinema mergulharam na oportunidade de poder minar dólares de todas as formas possíveis em cima de seus filmes. O publico alvo, majoritariamente falando, se tornaram os jovens e as crianças. Diversos produtos industrializados foram produzidos, e os filmes deixaram de ser uma "experiencia", para se tornarem uma marca registrada. Um exemplo de um filme que foi brutalmente violado por essa onde, foi o clássico Alien. Lançado na década de 1970, o filme teve sucessivas sequencias, que exploraram o lado "violento" do filme, visando somente o lucro e a oportunidade de lançar brinquedos, jogos e  tudo mais que o logo Alien pudesse ser encaixado.

Os efeitos especiais se tornaram a principal atração dos filmes. Poucas pessoas hoje em dia vão ao cinema, para assistirem dramas, ou filmes independentes. As principais bilheterias vão para filmes com explosões, dragões, robôs e uma infinidade de texturas plásticas. O enredo se tonar irrelevante em determinado momento, ao ponto de que alguns filmes não deveriam nem ter hstória (Transformers, 2012, e os filmes de Super Herói em geral)

Não estou aqui querendo julgar e taxar o filme Star Wars, no entanto, parte dos problemas que Hollywood enfrenta hoje em dia, tem raízes no seu lançamento. Vale ressaltar que a chama do cinema dos 70 dos Estados Unidos (que foi o periodo em que maioria dos filmes preferidos deste que vos lhe escreve foram lançados), continua acessa ainda. Vários diretores, continuam abordando temas mais humanos em seus filmes, deixando os efeitos especiais como algo secundário, utilizado só em caso de extrema necessidade.


Os Limites da Vigilância: Os Ataques Terroristas na Europa

Texto de Gabriel Lima
Fontes: The Atlantic, Zygmunt Bauman e Jean Beaudrillard

George Orwell em seu famoso livro 1984, influenciado pelo momento em que vivia, criou uma das maiores visualizações do fascismo e da vigilância na literatura ocidental. Um mundo onde os cidadãos são controlados até mesmo dentro de suas próprias mentes, e mesmo os movimentos rebeldes são criações do estado para caçar e punir possíveis "traidores" do partido. Apesar de ter sido escrito no período logo após a segunda guerra e se centrar no avanço do stalinismo, as ideias de Orwell se relacionam com os recentes acontecimentos na Europa em outros países

O Outro

O sociólogo e ensaísta Zygmunt Bauman discute sobre a presença do "outro" na sociedade. O outro é sempre o estrangeiro, o imigrante e o rebelde. Aquele que não se adapta aos valores e a cultura da população em geral. O estranho ou "o outro", vive a margem da sociedade e em casos de revolta contra uma determinada questão são os primeiros a sentir o ódio e a comoção das massas. Isso vêm acontecendo na Europa já desde muito tempo, não se tratando de um problema recente.

Antes de prosseguirmos vale lembrar um pouco da história das relações entre a Europa e o Oriente Médio.

Mesquita de Córdoba, Espanha
Durante boa parte da antiguidade clássica, as civilizações do oriente médio, influenciaram as culturas que viriam a surgir no mediterrâneo, principalmente os gregos e os romanos. Já na Idade Média, a Europa havia sofrido com a expansão do cristianismo, enquanto o Oriente Médio se tornava predominantemente islamizado. Durante os séculos VIII e XIV, reinos islâmicos chegaram a existir em alguns locais da Europa, principalmente na Espanha. Durante o século XIX, a situação se inverteu e os países europeus passaram a colonizar os países do Oriente Médio. No século XX, a maioria desses países conquistaram sua independência. A descoberta do petróleo no Oriente Médio aumentou o interesse das nações nessa região o que tem levado à diversos conflitos.

Com a recente guerra cívil Síria, centenas de milhares de refugiados se dispersaram pelo mundo, principalmente para a Europa e alguns países do Oriente Médio. No entanto, o sonho de viver na Europa acaba atraindo mais refugiados para esse continente. Não é somente o American Dream que ilude populações de países pobres, mas também o European Dream, a noção de que a Europa é uma ilha de prosperidade e tranquilidade em mundo conturbado. No entanto, como sabemos a imigração é uma faca de dois gumes; tanto existe a necessidade daquele que imigra, como a necessidade de mão de obra baratá.

Essa questão deve ser analisada com mais complexidade. Com a crescente população idosa na Europa, devido ao crescimento da expectativa de vida, e a decrescente população jovem, a mão de obra tem se tornado escassa na Europa. As populações jovens, possuem maior nível de formação profissional e demandam melhores empregos, deixando todo um nicho do mercado de trabalho, aberto para imigrantes. Setores como a industria têxtil e os serviços de limpeza urbana, contratam esses imigrantes em grandes números.

É bastante cômico observar os setores conservadores da sociedade comentarem sobre a "invasão" desses imigrantes, que "roubam o trabalho" dos europeus. Esse discurso é utilizado também em outros países, inclusive o nosso. À bem verdade, muitas empresas preferem contratar empregados imigrantes, por vezes ilegais, já que o salário minimo não precisa ser respeitado e os mesmos não possuem nenhum direito trabalhista. Cria-se então com essa população, um antagonismo. Os Sírios, passaram à ser o "outro" de Bauman, aquele elemento da sociedade que não se enquadra nos padrões estéticos, sociais e religiosos da sociedade europeia.

Pânico fabricado

Não irei aqui defender teorias da conspiração, mas, é importante observar como os ataques terroristas tem sido utilizados pelas forças de segurança dos países da Europa, como pretexto para forçar a aprovação de leis que restringem a liberdade dos habitantes. Segundo o site The Atlantic, com as novas leis de restrição, a França prendeu mais de 200 manifestantes durante os protestos contra a Conferencia Global sobre o Clima. Essas atitudes demonstram que a França, assim como outros países do continente, tem se utilizado da comoção criada pelos ataques para criar elementos que barrem o discurso livre e o direito de protestar. Essas medidas constituem a emergência de um "Estado Policial".

Esse episódio remete ao caso do 11/9, quando o congresso americano aprovou leis que aumentavam o poder das agencias de vigilância. O fato é; muitas vezes essas leis são utilizadas contra os próprios cidadãos do país. O documentos vazados por Edward Snowden, revelaram a imensa quantidade de informações e escutas ilegais que o governo do estados unidos realizaram. Sera que todo esse pânico não é fabricado com o intuito de restringir as liberdades e  aumentar o poder da já estabelecida classe dominante?

Vivemos em mundo onde a mídia controla as opiniões, e os conceitos são superficiais e distantes de uma realidade objetiva. Controlar uma população através das imagens e da falsificação da verdade, pode não ser uma questão restrita ao livro de Orwell.


O Teste de Bechdel: Detector de machismo literário?

Texto de Gabriel Lima

O teste de Bechdel, analisa se um filme ou uma obra literária, possui um dialogo entre duas mulheres sem necessariamente envolver um homem. O teste bastante usado na internet em comunidades e sites que defendem a causa das mulheres, quando bem aplicado, pode ser de grande utilidade para a discussão sobre a igualdade de gênero. No entanto, algumas criticas devem ser aplicadas quanto ao teste.

1° Um filme pode ter elementos de objetificação fe
minina, e mesmo assim passar no teste, contanto que duas mulheres falem sobre algo além de homens.

2° O teste também desconsidera filmes que se passam em períodos antigos, como filmes medievais.

3° O filme não leva em conta filmes com somente personagens femininas ou masculinas.

O fato é que ainda existe muita objetificação das mulheres em filmes, tanto estrangeiros quanto nacionais. Filmes estes, quase sempre do gênero ação, voltados para o publico masculino. Vemos essa questão da objetificação bastante presente também em videogames.

O teste é valido quando aplicado levando em consideração os 3 pontos citados acima.

Façam suas analises!


Filosogames: Max Payne 3 - O fardo do homem branco/American Hero

Durante as filmagens do filme "Os Mercenários" Stallone teria dito, que o povo brasileiro gosta de ver as explosões que os americanos fazem durante as filmagens.

Poucas empresas de videogame produzem obras de arte, como faz a empresa Rockstar. Seus games além de divertidos, apresentam analises criticas de diversos assuntos referentes ao poderio norte-americano e sua sociedade alienada e decadente. Enquanto a serie GTA (Grand Theft Auto) se ocupa em criar sátiras e parodias sobre o modo de vida americano e o famigerado American Dream, outros games discutem sobre outras questões, como; destino manifesto, excepcionalismo, sistema educacional americano e a desconstrução da era de ouro americana.

Max Payne 3, no entanto, é de extrema importância para nós habitantes do que o mundo "civilizado" chama de "América Latina", já que o mesmo, desconstrói a figura do American Hero através do personagem de Max Payne. Antes de seguirmos com essa analise, vamos recapitular a história do game.

Ao receber um convite para trabalhar como segurança para uma família rica de São Paulo, Brasil, Max se vê rodeado de policiais corruptos, traficantes e políticos gananciosos. Max um americano em terras latinas, deixa para trás uma inimaginável quantidade de corpos. Ao final suas ações parecem trazer mais problemas para o já problemático país. Mas, Max como um bom americano, se afasta da destruição que o mesmo realizou, e tira ferias prolongadas nas praias do nordeste brasileiro. Seria esse um final comum de vários filmes americanos, se  neste caso, não fosse um filme e sim um jogo da empresa Rockstar.

Esse resumo acima, não expressa com devida honra o maravilhoso roteiro escrito para esse game. Ao primeiro olhar, o game parece mais um shooter genérico, que especialistas em "arte" usariam para negar um lugar aos videogames entre os gêneros artísticos. No entanto, com um olhar mais profundo o jogo demonstra suas verdadeiras intenções que iremos analisar aqui em profundidade. Antes vejam o trailer do game abaixo.


Um tipico herói americano

Max em um primeiro olhar, possui as qualidades de um herói americano. O mesmo deseja fazer o bem, possui uma força sobre-humana, a capacidade de manusear o objeto de paixão nacional (a arma de fogo). Porem, temos um problema. Max Payne não consegue mais discernir o real do imaginário, devido a quantidade de medicamentos que o mesmo toma. Vemos ao longo das cenas do game, imagens distorcidas e luzes piscantes, como se o nosso "herói" estivesse sobre a influencia de uma droga poderosa. Max é a representação do herói americano decadente, imortal devido ao seu poder e incapaz de viver de outra forma que não seja através de sucessivos atos de violência. Um herói nacional, encarna em suas qualidades, aquilo que o país vê em si. Os heróis nacionais são quase que formas antropomórficas do próprio país. O herói americano, entretanto, não sofre com as coisas que faz, já que em sua mente todas as suas ações são justificadas. Tive o desprazer de recentemente assistir o filme The Avangers: Age of Ultron, onde pude constatar o exemplo mais grotesco de herois americanos em serviço. Os "heróis" invadem não só uma fictícia nação no leste europeu (que claramente e a Ucrânia), como também invadem um não nomeado país da África, deixando um rastro de destruição e morte (mortes estas que o filme aparentemente oculta, mas que qualquer Chimpanzé com dois neurônios conseguiria observar).

A empresa Rockstar, direciona o seus games principalmente para o mercado norte americano, que muitas vezes consomem esses produtos de forma alienada, sem realmente parar ara analisar a história que está sendo passada. Talvez seja esse o estigma dos videogames, serem tratados por velhos ranzinzas em bibliotecas cheirando a mofo como produtos sem "essência artística", enquanto filmes e livros são resguardados como obras de arte. Oras! Todo ano vemos centenas de livros e filmes ruins, que visam somente o lucro, no entanto, não desconsideramos a 7° arte e a literatura como objetos sem essa tal "essência artística". Bom, acabei me perdendo nesse assunto, vamos voltar ao game.

Durante uma das sequencias do jogo, Max visita o canal do Panamá, simbolo da intromissão americana na geopolítica da América latina. Nessa sequencia do jogo, o personagem tem acesso a um museu, demonstrando a fauna e a flora da região do Canal, assim como sua história. Uma peça chama à atenção; dois exploradores norte-americanos trajando roupas do século XIX, que Max prontamente comenta traçando uma relação entre o seu comportamento e o comportamento dos exterminadores...digo...exploradores!

Em outro momento, após invadir uma delegacia de policia, Max é confrontado pelo "chefão", que diz palavras proféticas que todo super-herói deveria ouvir; "você tentou ajudar os pobres e agora eles estão mortos, você acha que fez alguma diferença?".

Outro momento marcante no game, e quando Max decide ir atrás da esposa do homem que trabalha, que teria sido sequestrada e lavada para o topo de uma favela, e decide usar uma camisa havaiana, como se fosse algum tipo de turista, aliás, centenas de estadunidenses e europeus visitam as favelas brasileiras, como numa tentativa de viver uma aventura na "savana dos homens". Os Estados Unidos da América, foram guiados desde antes de sua fundação, por um forte sentimento de destino manifesto. O mundo pertence aos americanos, por que os mesmos são melhores que todo mundo. Desde o sentimento do peregrino que migrou dos rincões pobres do Reino Unido para o continente americano, passando pelo Cowboy assassino de indígenas e o candidato a presidência que decide de uma hora para outra que o melhor a se fazer contra o terrorismo e proibir a entrada de qualquer muçulmano no país.

Como Star Wars Matou o Cinema dos 70?

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