Filosogames: Max Payne 3 - O fardo do homem branco/American Hero

Durante as filmagens do filme "Os Mercenários" Stallone teria dito, que o povo brasileiro gosta de ver as explosões que os americanos fazem durante as filmagens.

Poucas empresas de videogame produzem obras de arte, como faz a empresa Rockstar. Seus games além de divertidos, apresentam analises criticas de diversos assuntos referentes ao poderio norte-americano e sua sociedade alienada e decadente. Enquanto a serie GTA (Grand Theft Auto) se ocupa em criar sátiras e parodias sobre o modo de vida americano e o famigerado American Dream, outros games discutem sobre outras questões, como; destino manifesto, excepcionalismo, sistema educacional americano e a desconstrução da era de ouro americana.

Max Payne 3, no entanto, é de extrema importância para nós habitantes do que o mundo "civilizado" chama de "América Latina", já que o mesmo, desconstrói a figura do American Hero através do personagem de Max Payne. Antes de seguirmos com essa analise, vamos recapitular a história do game.

Ao receber um convite para trabalhar como segurança para uma família rica de São Paulo, Brasil, Max se vê rodeado de policiais corruptos, traficantes e políticos gananciosos. Max um americano em terras latinas, deixa para trás uma inimaginável quantidade de corpos. Ao final suas ações parecem trazer mais problemas para o já problemático país. Mas, Max como um bom americano, se afasta da destruição que o mesmo realizou, e tira ferias prolongadas nas praias do nordeste brasileiro. Seria esse um final comum de vários filmes americanos, se  neste caso, não fosse um filme e sim um jogo da empresa Rockstar.

Esse resumo acima, não expressa com devida honra o maravilhoso roteiro escrito para esse game. Ao primeiro olhar, o game parece mais um shooter genérico, que especialistas em "arte" usariam para negar um lugar aos videogames entre os gêneros artísticos. No entanto, com um olhar mais profundo o jogo demonstra suas verdadeiras intenções que iremos analisar aqui em profundidade. Antes vejam o trailer do game abaixo.


Um tipico herói americano

Max em um primeiro olhar, possui as qualidades de um herói americano. O mesmo deseja fazer o bem, possui uma força sobre-humana, a capacidade de manusear o objeto de paixão nacional (a arma de fogo). Porem, temos um problema. Max Payne não consegue mais discernir o real do imaginário, devido a quantidade de medicamentos que o mesmo toma. Vemos ao longo das cenas do game, imagens distorcidas e luzes piscantes, como se o nosso "herói" estivesse sobre a influencia de uma droga poderosa. Max é a representação do herói americano decadente, imortal devido ao seu poder e incapaz de viver de outra forma que não seja através de sucessivos atos de violência. Um herói nacional, encarna em suas qualidades, aquilo que o país vê em si. Os heróis nacionais são quase que formas antropomórficas do próprio país. O herói americano, entretanto, não sofre com as coisas que faz, já que em sua mente todas as suas ações são justificadas. Tive o desprazer de recentemente assistir o filme The Avangers: Age of Ultron, onde pude constatar o exemplo mais grotesco de herois americanos em serviço. Os "heróis" invadem não só uma fictícia nação no leste europeu (que claramente e a Ucrânia), como também invadem um não nomeado país da África, deixando um rastro de destruição e morte (mortes estas que o filme aparentemente oculta, mas que qualquer Chimpanzé com dois neurônios conseguiria observar).

A empresa Rockstar, direciona o seus games principalmente para o mercado norte americano, que muitas vezes consomem esses produtos de forma alienada, sem realmente parar ara analisar a história que está sendo passada. Talvez seja esse o estigma dos videogames, serem tratados por velhos ranzinzas em bibliotecas cheirando a mofo como produtos sem "essência artística", enquanto filmes e livros são resguardados como obras de arte. Oras! Todo ano vemos centenas de livros e filmes ruins, que visam somente o lucro, no entanto, não desconsideramos a 7° arte e a literatura como objetos sem essa tal "essência artística". Bom, acabei me perdendo nesse assunto, vamos voltar ao game.

Durante uma das sequencias do jogo, Max visita o canal do Panamá, simbolo da intromissão americana na geopolítica da América latina. Nessa sequencia do jogo, o personagem tem acesso a um museu, demonstrando a fauna e a flora da região do Canal, assim como sua história. Uma peça chama à atenção; dois exploradores norte-americanos trajando roupas do século XIX, que Max prontamente comenta traçando uma relação entre o seu comportamento e o comportamento dos exterminadores...digo...exploradores!

Em outro momento, após invadir uma delegacia de policia, Max é confrontado pelo "chefão", que diz palavras proféticas que todo super-herói deveria ouvir; "você tentou ajudar os pobres e agora eles estão mortos, você acha que fez alguma diferença?".

Outro momento marcante no game, e quando Max decide ir atrás da esposa do homem que trabalha, que teria sido sequestrada e lavada para o topo de uma favela, e decide usar uma camisa havaiana, como se fosse algum tipo de turista, aliás, centenas de estadunidenses e europeus visitam as favelas brasileiras, como numa tentativa de viver uma aventura na "savana dos homens". Os Estados Unidos da América, foram guiados desde antes de sua fundação, por um forte sentimento de destino manifesto. O mundo pertence aos americanos, por que os mesmos são melhores que todo mundo. Desde o sentimento do peregrino que migrou dos rincões pobres do Reino Unido para o continente americano, passando pelo Cowboy assassino de indígenas e o candidato a presidência que decide de uma hora para outra que o melhor a se fazer contra o terrorismo e proibir a entrada de qualquer muçulmano no país.
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Filosogames: Max Payne 3 - O fardo do homem branco/American Hero

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Durante as filmagens do filme "Os Mercenários" Stallone teria dito, que o povo brasileiro gosta de ver as explosões que os americanos fazem durante as filmagens.

Poucas empresas de videogame produzem obras de arte, como faz a empresa Rockstar. Seus games além de divertidos, apresentam analises criticas de diversos assuntos referentes ao poderio norte-americano e sua sociedade alienada e decadente. Enquanto a serie GTA (Grand Theft Auto) se ocupa em criar sátiras e parodias sobre o modo de vida americano e o famigerado American Dream, outros games discutem sobre outras questões, como; destino manifesto, excepcionalismo, sistema educacional americano e a desconstrução da era de ouro americana.

Max Payne 3, no entanto, é de extrema importância para nós habitantes do que o mundo "civilizado" chama de "América Latina", já que o mesmo, desconstrói a figura do American Hero através do personagem de Max Payne. Antes de seguirmos com essa analise, vamos recapitular a história do game.

Ao receber um convite para trabalhar como segurança para uma família rica de São Paulo, Brasil, Max se vê rodeado de policiais corruptos, traficantes e políticos gananciosos. Max um americano em terras latinas, deixa para trás uma inimaginável quantidade de corpos. Ao final suas ações parecem trazer mais problemas para o já problemático país. Mas, Max como um bom americano, se afasta da destruição que o mesmo realizou, e tira ferias prolongadas nas praias do nordeste brasileiro. Seria esse um final comum de vários filmes americanos, se  neste caso, não fosse um filme e sim um jogo da empresa Rockstar.

Esse resumo acima, não expressa com devida honra o maravilhoso roteiro escrito para esse game. Ao primeiro olhar, o game parece mais um shooter genérico, que especialistas em "arte" usariam para negar um lugar aos videogames entre os gêneros artísticos. No entanto, com um olhar mais profundo o jogo demonstra suas verdadeiras intenções que iremos analisar aqui em profundidade. Antes vejam o trailer do game abaixo.


Um tipico herói americano

Max em um primeiro olhar, possui as qualidades de um herói americano. O mesmo deseja fazer o bem, possui uma força sobre-humana, a capacidade de manusear o objeto de paixão nacional (a arma de fogo). Porem, temos um problema. Max Payne não consegue mais discernir o real do imaginário, devido a quantidade de medicamentos que o mesmo toma. Vemos ao longo das cenas do game, imagens distorcidas e luzes piscantes, como se o nosso "herói" estivesse sobre a influencia de uma droga poderosa. Max é a representação do herói americano decadente, imortal devido ao seu poder e incapaz de viver de outra forma que não seja através de sucessivos atos de violência. Um herói nacional, encarna em suas qualidades, aquilo que o país vê em si. Os heróis nacionais são quase que formas antropomórficas do próprio país. O herói americano, entretanto, não sofre com as coisas que faz, já que em sua mente todas as suas ações são justificadas. Tive o desprazer de recentemente assistir o filme The Avangers: Age of Ultron, onde pude constatar o exemplo mais grotesco de herois americanos em serviço. Os "heróis" invadem não só uma fictícia nação no leste europeu (que claramente e a Ucrânia), como também invadem um não nomeado país da África, deixando um rastro de destruição e morte (mortes estas que o filme aparentemente oculta, mas que qualquer Chimpanzé com dois neurônios conseguiria observar).

A empresa Rockstar, direciona o seus games principalmente para o mercado norte americano, que muitas vezes consomem esses produtos de forma alienada, sem realmente parar ara analisar a história que está sendo passada. Talvez seja esse o estigma dos videogames, serem tratados por velhos ranzinzas em bibliotecas cheirando a mofo como produtos sem "essência artística", enquanto filmes e livros são resguardados como obras de arte. Oras! Todo ano vemos centenas de livros e filmes ruins, que visam somente o lucro, no entanto, não desconsideramos a 7° arte e a literatura como objetos sem essa tal "essência artística". Bom, acabei me perdendo nesse assunto, vamos voltar ao game.

Durante uma das sequencias do jogo, Max visita o canal do Panamá, simbolo da intromissão americana na geopolítica da América latina. Nessa sequencia do jogo, o personagem tem acesso a um museu, demonstrando a fauna e a flora da região do Canal, assim como sua história. Uma peça chama à atenção; dois exploradores norte-americanos trajando roupas do século XIX, que Max prontamente comenta traçando uma relação entre o seu comportamento e o comportamento dos exterminadores...digo...exploradores!

Em outro momento, após invadir uma delegacia de policia, Max é confrontado pelo "chefão", que diz palavras proféticas que todo super-herói deveria ouvir; "você tentou ajudar os pobres e agora eles estão mortos, você acha que fez alguma diferença?".

Outro momento marcante no game, e quando Max decide ir atrás da esposa do homem que trabalha, que teria sido sequestrada e lavada para o topo de uma favela, e decide usar uma camisa havaiana, como se fosse algum tipo de turista, aliás, centenas de estadunidenses e europeus visitam as favelas brasileiras, como numa tentativa de viver uma aventura na "savana dos homens". Os Estados Unidos da América, foram guiados desde antes de sua fundação, por um forte sentimento de destino manifesto. O mundo pertence aos americanos, por que os mesmos são melhores que todo mundo. Desde o sentimento do peregrino que migrou dos rincões pobres do Reino Unido para o continente americano, passando pelo Cowboy assassino de indígenas e o candidato a presidência que decide de uma hora para outra que o melhor a se fazer contra o terrorismo e proibir a entrada de qualquer muçulmano no país.

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