Texto de Gabriel Lima
Fontes: Scientific American Brasil, Miguel Nicolelis

Ele tem o seu mesmo DNA, seus mesmos genes, sua aparência e até poderá ter as mesmas doenças que você. Então o seu clone, seria você?

"SER OU NÃO SER"

A resposta pra essa pergunta é um simples e direto não, mas a explicação do porque não é mais complicada. Para começar é difícil definir o que é "ser" em termos físicos e biológicos. Os átomos que atualmente fazem parte do seu corpo, não são os mesmos que "você" tinha à cinco anos atrás, nesse período o seu corpo simplesmente se reconstruiu através da matéria que você consumiu. Lembra aquele churrasco que você teve com seus amigos em 2010, provavelmente aquele espetinho de porco, compõe hoje, alguma parte de seu corpo. Para falar a verdade o tempo todo estamos expulsando e absorvendo matéria, seja pela ingestão de alimentos, ou pela respiração. Se em média uma pessoa vive 80 anos, então ela terá trocado totalmente de átomos, cerca de 16 vezes ao longo da vida. Veja o escritor desse artigo mesmo, com apenas 22 anos, um jovem apenas, já teria segundo esse calculo trocado totalmente de átomos cerca de 5 vezes, isso sem contar o período de crescimento entre os 0 e 8 anos e a puberdade. Então quem sou eu?

Biologicamente as coisas ainda não são animadoras para o eu. Nosso corpo é composto de bilhões de células, mais do que as estrelas da Via Láctea. Cada uma dessas células realizam funções diversas no corpo e possuem formas diferentes. No topo da hierarquia das células se encontram as células nervosas, ou neurônios, que comandam o sistema nervoso do corpo, e outros tantos sistemas. Quando pensamos em comer sorvete, nossos neurônios pensaram antes de nós. Quando vemos aquele conhecido na rua, e esquecemos o nome do fulano, nosso cérebro inicia uma verdadeira força tarefa digna de repartições publicas para encontrar os dados daquele tal conhecido anonimo. Pouco fica no controle do "eu" que nada mais é biologicamente e neurologicamente falando, do que a soma de todas as células trabalhando em conjunto. A consciência, o "eu" é a ponta do Iceberg.

VOCÊ PENSA, LOGO EU EXISTO?

Como animais sociais, vivemos em grandes e complexos grupos. Segundo a neurociência a consciência surge da necessidade de entender o outro e de entender à si mesmo. Já comentamos sobre isso no post teoria da mente à algum tempo atrás. Imaginamos uma situação bastante corriqueira para qualquer primata que se de o respeito de assim ser chamado. Você vai entrar em um novo grupo social (faculdade, escola, trabalho ou cidade), e não sabe como se comportar, você vai sentir aquela "boa" e velha timidez, e vai sorrir desconfortavelmente pelo resto do dia, até começar à se acostumar com a ideia. Essa experiencia mostra como somos suscetíveis ao olhar do outro, e como nossas mentes estão voltadas para o exercício da sociabilização. Ademais, nosso comportamento, nossos trejeitos, nossa fala e boa parte de nossos pensamentos, não advêm de nos mesmos, e sim de outros. Falamos a linguá portuguesa porque nossos país assim nos ensinaram. Vestimos de uma determinada maneira, porque assim nos acostumaram. Assistimos determinados filmes, e lemos determinados livros, de acordo com nossas vivencias. Isso explica por que as vezes dois irmãos gêmeos univitelinos, podem ser tão diferentes. "Então se nada do que eu penso, vem de mim, repito a pergunta, quem diabos sou eu?"

A resposta para essa pergunta, e a do clone, são basicamente as mesmas. Um clone não seria você, porque o mesmo seria composto de átomos diferentes, e provavelmente ao longo da vida trocaria seus átomos, por outros átomos que você jamais teria. Dependendo de sua vida, sua alimentação, o clone poderia ser diferente de você mesmo tendo os mesmos genes, já que eles seriam utilizados de formas diferentes. As vivencias sociais também o moldariam diferente de você, caso você ele fosse criado por uma família conservadora e você por anarquistas ateus, o comportamento de um pareceria alienígena para o outro.

A resposta para o "quem sou eu?" é simples, você é à cada 5 anos uma massa de átomos diferentes que realizam funções químicas no ambiente, esses átomos se organizam em moléculas, essas moléculas em proteínas e essas proteínas em células. Essas células vivem em constante troca química com o meio ambiente e seu comportamento é baseado no seu código genético. Essas células logo compõe o que você se chama de eu. Seus sistema nervoso, um grupo de células que respondem ao meio, absorvem as informações externas e moldam aos poucos o seu comportamento, seus gostos, seus vícios, seus ódios e seus amores. Somos uma metamorfose ambulante, como diria Raul Seixas, e para quem aprecia à natureza, isso é mais belo do que achar que somos "providencia divina, feita em carne".

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UM CLONE SEU, SERIA VOCÊ? E OUTRAS QUESTÕES SOBRE A EXISTÊNCIA DO "EU"

09:37


Texto de Gabriel Lima
Fontes: Scientific American Brasil, Miguel Nicolelis

Ele tem o seu mesmo DNA, seus mesmos genes, sua aparência e até poderá ter as mesmas doenças que você. Então o seu clone, seria você?

"SER OU NÃO SER"

A resposta pra essa pergunta é um simples e direto não, mas a explicação do porque não é mais complicada. Para começar é difícil definir o que é "ser" em termos físicos e biológicos. Os átomos que atualmente fazem parte do seu corpo, não são os mesmos que "você" tinha à cinco anos atrás, nesse período o seu corpo simplesmente se reconstruiu através da matéria que você consumiu. Lembra aquele churrasco que você teve com seus amigos em 2010, provavelmente aquele espetinho de porco, compõe hoje, alguma parte de seu corpo. Para falar a verdade o tempo todo estamos expulsando e absorvendo matéria, seja pela ingestão de alimentos, ou pela respiração. Se em média uma pessoa vive 80 anos, então ela terá trocado totalmente de átomos, cerca de 16 vezes ao longo da vida. Veja o escritor desse artigo mesmo, com apenas 22 anos, um jovem apenas, já teria segundo esse calculo trocado totalmente de átomos cerca de 5 vezes, isso sem contar o período de crescimento entre os 0 e 8 anos e a puberdade. Então quem sou eu?

Biologicamente as coisas ainda não são animadoras para o eu. Nosso corpo é composto de bilhões de células, mais do que as estrelas da Via Láctea. Cada uma dessas células realizam funções diversas no corpo e possuem formas diferentes. No topo da hierarquia das células se encontram as células nervosas, ou neurônios, que comandam o sistema nervoso do corpo, e outros tantos sistemas. Quando pensamos em comer sorvete, nossos neurônios pensaram antes de nós. Quando vemos aquele conhecido na rua, e esquecemos o nome do fulano, nosso cérebro inicia uma verdadeira força tarefa digna de repartições publicas para encontrar os dados daquele tal conhecido anonimo. Pouco fica no controle do "eu" que nada mais é biologicamente e neurologicamente falando, do que a soma de todas as células trabalhando em conjunto. A consciência, o "eu" é a ponta do Iceberg.

VOCÊ PENSA, LOGO EU EXISTO?

Como animais sociais, vivemos em grandes e complexos grupos. Segundo a neurociência a consciência surge da necessidade de entender o outro e de entender à si mesmo. Já comentamos sobre isso no post teoria da mente à algum tempo atrás. Imaginamos uma situação bastante corriqueira para qualquer primata que se de o respeito de assim ser chamado. Você vai entrar em um novo grupo social (faculdade, escola, trabalho ou cidade), e não sabe como se comportar, você vai sentir aquela "boa" e velha timidez, e vai sorrir desconfortavelmente pelo resto do dia, até começar à se acostumar com a ideia. Essa experiencia mostra como somos suscetíveis ao olhar do outro, e como nossas mentes estão voltadas para o exercício da sociabilização. Ademais, nosso comportamento, nossos trejeitos, nossa fala e boa parte de nossos pensamentos, não advêm de nos mesmos, e sim de outros. Falamos a linguá portuguesa porque nossos país assim nos ensinaram. Vestimos de uma determinada maneira, porque assim nos acostumaram. Assistimos determinados filmes, e lemos determinados livros, de acordo com nossas vivencias. Isso explica por que as vezes dois irmãos gêmeos univitelinos, podem ser tão diferentes. "Então se nada do que eu penso, vem de mim, repito a pergunta, quem diabos sou eu?"

A resposta para essa pergunta, e a do clone, são basicamente as mesmas. Um clone não seria você, porque o mesmo seria composto de átomos diferentes, e provavelmente ao longo da vida trocaria seus átomos, por outros átomos que você jamais teria. Dependendo de sua vida, sua alimentação, o clone poderia ser diferente de você mesmo tendo os mesmos genes, já que eles seriam utilizados de formas diferentes. As vivencias sociais também o moldariam diferente de você, caso você ele fosse criado por uma família conservadora e você por anarquistas ateus, o comportamento de um pareceria alienígena para o outro.

A resposta para o "quem sou eu?" é simples, você é à cada 5 anos uma massa de átomos diferentes que realizam funções químicas no ambiente, esses átomos se organizam em moléculas, essas moléculas em proteínas e essas proteínas em células. Essas células vivem em constante troca química com o meio ambiente e seu comportamento é baseado no seu código genético. Essas células logo compõe o que você se chama de eu. Seus sistema nervoso, um grupo de células que respondem ao meio, absorvem as informações externas e moldam aos poucos o seu comportamento, seus gostos, seus vícios, seus ódios e seus amores. Somos uma metamorfose ambulante, como diria Raul Seixas, e para quem aprecia à natureza, isso é mais belo do que achar que somos "providencia divina, feita em carne".

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